MOMENTO ÚNICO
Do Museu de Vestidos de Noiva
A Exposição MOMENTO ÚNICO reúne onze das 300 peças do acervo do Museu de Vestidos de Noiva, criado há 27 anos pela arquiteta, colecionadora e 1ª assessora e cerimonialista de noivas do Brasil, Fátima Aparecida Latarulla.
Fátima tomou contato com os vestidos de noiva, numa loja onde a Baronesa Ana Frida (então editora de moda da Abril Cultural), era modista de alta costura e criou a profissão de assessora de noivas, 36 anos atrás, percebendo as noivas não se planejavam, comprando por impulso, endividando-se. Sentia que as mulheres buscavam mais que um vestido, a felicidade, e isso fez com que voltasse sua atenção para o símbolo que o vestido de noiva representava e não demorou para que ela começasse a colecioná-los. Ela diz que as mulheres evoluem e os vestidos marcam fases que vão e voltam. Também esses trajes trazem as características das várias regiões de onde se originam além dos aspectos econômicos, políticos, sociais e culturais da noiva e de cada época.
Os primeiros vestidos de sua coleção, são peças afetivas – o de sua avó, década de 20, e de sua mãe, década de 50. Assim começou um acervo que hoje resgata a história das mulheres brasileiras e as homenageia, especialmente. Fátima criou o Museu de Vestidos de Noiva para preservar essas preciosidades, verdadeiras obras de arte, confeccionadas por mãos artísticas de bordadeiras e costureiras, artesãs, que segundo ela foram abandonadas pelos empresários que, no intuito de reduzir custos a mão-de-obra nacional, passaram a importar vestidos fabricados em série, ao invés de exportar os vestidos brasileiros, primorosos e personalizados com bordados feito à mão.
Além do Museu contar a história da mulher através da roupa que ela usa, há tesouros inestimáveis como tecidos que não existem mais, artesanais refinadíssimos como a renda de gippir, crepe de seda da década de 30, pontspret (tule rebordado com bolinhas de fio de seda), renda trufana, gourgorão, adamascados, renda soutache, musselines, piquês e outras jóias que Fátima resgatou em brechós, através de doações e buscando essas raridades por todo o País.
A maioria dos 300 vestidos de noiva do acervo é brasileiro, mas há representantes japonês, chinês, coreano, francês, português, italiano, alemão, indiano, húngaro, russo, grego, espanhol e cigano. Fátima resgata essas relíquias e as restaura para que transmitam a história de vida, luta e conquista das mulheres que desejam, também, ser felizes.
A preocupação de Fátima não é apenas o que o Museu traz de material, ela encampa campanhas importantíssimas de inclusão das mulheres que sonham usar um vestido de noiva. Mesmo na moda, há muito luta e conquistas a se fazer, como ela diz, as mulheres que fogem do estereótipo do corpo perfeito não estão incluídas na moda, como as muito baixas, obesas, cadeirantes, portadoras de outras deficiências físicas e até as de maior idade.
“A importância do Museu de Vestido de Noiva é reviver o passado das mulheres. É também uma homenagem que presto a todas essas maravilhosas mulheres anônimas ou famosas, por suas conquistas e por suas lutas”, diz Fátima Latarulla .